Enquanto Dormes
Enquanto dormes no meu colo, meu amor,
Que os sonhos te sejam leves e limpos,
O mundo continua demasiado humano,
Sujo e injusto, o progresso só tornou a maioria
Em insignificantes números, carne para canhão,
Contudo, com a tua mão sobre o lugar onde talvez
Ainda se esconda o meu coração,
Sinto que te sou seguro e por trás dessas pequenas
Pálpebras, o sonho decorre nesse teu mundo pequeno
E simples, que sejam borboletas, trevos no jardim da avó,
O raro sorriso do sol de inverno, gatinhos gregos,
Que nunca te contaminem os pesos e pesadelos
Que os homens aos homens se impõem,
Nascemos para poder pouco, meu amor,
A vida não tem sequer o valor da sua utilidade,
Nesta sociedade de gordos vampiros, buracos negros
Oligarcas, resta-nos um colo quente e um sono puro,
O sol e a promessa universal do derradeiro silêncio.
Turku
20/12/2024
João Bosco da Silva