O Toque das Tuas Mãos Limpas
O toque das tuas mãos limpas,
Intocadas pela vontade devastadora,
Nelas a curiosidade inocente,
O brilho ainda da eternidade de onde
Despertaste e te arrancaram,
Esses dedos tão dedos já,
Na forma, no prender desajeitado e seguro,
Sem certezas nem incertezas,
Mãos abertas para um mundo
Que até aqui criamos para tudo,
Menos para o futuro,
Que estas mãos não se fechem
Em sofrimento, não causem dor,
Se elevem apenas para gestos
De saudade, que o mundo lhes seja
Leve, menos breve, que a pureza
Se lhes mantenha, mesmo quando
Marcadas pelo arrastar do tempo,
Sujas pelo pó e a lama que da vida
Se desprende, estas mãos que me
Agarram o polegar, conspurcado
Por insignificantes desejos
E iras sempre desnecessárias,
Me tornam por um instante limpo e inteiro.
Turku
18/11/2024
João Bosco da Silva